Por meio de um antigo post, um caro leitor, Sr. Anibal Albuquerque (Secretário-Geral da Academia Varginhense de Letras), questionava sobre a autoria do texto que foi tão erroneamente atribuído a Victor Hugo(Desejos). Sr. Anibal, com a ajuda de Ailton Rocha, conseguiu chegar na versão original do poema Os Votos de Sérgio Jockymann.
Os Votos
“Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado.
E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis.
E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro.
Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente.
E que essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em permissividade, para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais,
e que sendo maduro não insista em rejuvenescer,
e que sendo velho não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um mês e muito menos uma semana,
mas um dia.
Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for impossível amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes.
E que estão estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo ainda que você afague um gato, que alimente um cão e ouça pelo menos um João-de-barro erguer triunfante seu canto matinal.
Porque assim você se sentirá bom por nada.
Desejo também que você plante uma semente por mais ridículo que seja e acompanhe seu crescimento dia a dia, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano você ponha uma porção dele na sua frente e diga: Isto é meu.
Só para que fique claro quem é o dono de quem.
Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal, não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que essa frugalidade não impeça você de abusar quando o abuso se impor*.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você. Mas que se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo por fim que,
sendo mulher, você tenha um bom homem
e que sendo homem tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez e novamente de agora até o próximo ano acabar.
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor pra recomeçar.
E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar”
Fonte: Folha da Tarde – Porto Alegre – 30 de Dezembro de 1978(extraído do jornal escaneado presente no Blog de Emílio Pacheco)
* o correto de “se impor” seria “se impuser” (correção proposta pelo Sr. Anibal Albuquerque)
Observação: Toda pontuação e formatação do texto foram mantidas de acordo com o original.
[…] , avulsos , relevante Estava lendo o blog do Muneo(que está ali ao lado, em blogs), e esse post que transcreverei aqui(ao menos o poema), ouvindo ao mesmo tempo, “amor pra recomeçar” […]
[…] Descobri no Blog do Muneo, que esse texto não é do Victor Hugo :O O verdadeiro e injustiçado autor é o Sr. Sérgio […]
Valeu Muneo! Por mostrar a verdadeira versão deste poema.
Fiquei feliz de saber que por trás desta grandiosíssima obra estava um grande brasileiro, me sinto orgulhoso e privilegiado por ter conhecido esse grande poema de Sergio Joyckman.
Puxa vida!!!! Quer dizer que, postando isso nos ultimos 3 anos eu tava injustiçando o autor? Pow, sacanagem!!!
Já arrumei, no meu post desse ano :P
Grande Info, Muneo!
Precioso poema…justo es reconocer quien lo escribió de verdad. Me gustaría más de su obra en español. No se si hay publicado, en internet por lo menos no aparece…
Gracias y un saludo.
Puxa vida… cometi essa injustiça e atribuí a autoria a Hugo.
Lindo poema do Sérgio!
Corrigido e divulgado! ;-)
Valeu!
Desconfiei da autoria (desconfio sempre quando o assunto é internet, vide LF Veríssimo) e pesquisando poemas de VH não achei nada semelhante; acabei topando com esta página, e agardeço pelas informações e pelo original. É um belo texto e não precisa ser associado a um autor de fama mundial para grangear respeito e admiração.
[…] só depois de certo tempo após ter escrito o artigo encontrei a verdadeira autoria. Leia mais em: https://muneo.wordpress.com/2007/12/15/os-votos-de-sergio-jockymann-a-verdadeira-versao/ e […]
Ainda bem que achei o verdadeiro autor…Li várias versões diferentes e sempre atribuídas à Victor Hugo, então resolvi pesquisar e eis que encontro a verdadeira versão!Justiça seja feita!Texto lindíssimo com o qual presentearei os alunos da minha escola na formatura!
Encontrei não só a verdadeira versão, mas também o verdadeiro autor né…
Sempre “comprei” e admirei esse poema como sendo de Victor Hugo a quem sempre admirei e continuo admirando pelo conjunto de sua obra.
Há um tempo atrás, ouvi sobre essa divergência de autoria, mas não dei muita importância.
Hoje, uma amiga me mandou uma mensagem relembrando esta correção, então resolvi acatá-la após efetuar algumas pesquisas.
Obrigado pela ajuda.
Abraço,
Sergio Brasilis
Fortaleza/CE
gostaria de saber se alguem tem uma analise critica do poema pois preciso pra fzer trabalho de faculdade. grato
Gostaria apenas de chamar a atenção para o fato de que o texto de Sérgio Jockymann é uma crônica e não um poema. A publicação original foi em prosa, não em versos.
[…] Descobri no Blog do Muneo, que esse texto não é do Victor Hugo :O O verdadeiro e injustiçado autor é o Sr. Sérgio […]
[…] Descobri no Blog do Muneo, que esse texto não é do Victor Hugo :O O verdadeiro e injustiçado autor é o Sr. Sérgio […]
Espera lá…. Gostaria que fosse esclarecido… Estão dizendo que o poema não é do Victor Hugo, posso concordar, mas há que se fazer uma investigação.
O Victor Hugo viveu a muito tempo e se escreveu este poema, tem que estar registrado em algum lugar…
Se não escreveu…, então outro, alguem, (Sergio Joyckman) escreveu. E assim sendo, por que não revindicar a autoria???
E por que teriam feito outra versão e atribuído ao V.Hugo??
Você tem toda razão, minha amiga poeta prima Inês. Mas, com meus parcos conhecimentos jurídicos, posso lhe assegurar a total isenção de qualquer culpa nesse episódio, já que o poema chegou às suas mãos como se fosse de Victor Hugo, o grande escritor e poeta francês. No mundo da internet, como em outros campos de atividade, há sempre alguém que quer tirar partido em alguma coisa. Receba meu abraço carinhoso. João Bosco Fernandes
Sou a favôr da verdade ,de a Cézar o que é de Cézar.Parabèns por sua coragem em desmentir quem se apossa do que não é seu .
Eu já achava esse texto lindo, agora tenho algo mais para continuar a achando-o lindo!
Como “poeta” que sou, quero parabenizar o autor Sérgio Jockymann.
Que texto maravilhoso.Gostaria eu de ser a autora de tão profunda mensagem.
Que Deus continue inspirando autores/as a escreverem, não só belas palavras, mas que sejam cheias de ternura e sentimento de amor a tudo e a todos/as.
Abraço eterno.
Ivete Rosa de Azevedo – Uberlândia – MG
Acabei de receber o referido poema. Não o conhecia, mas me senti frágil e ao mesmo em época de despedida da pessoa que me enviou.
Lindo! profundo e verdadeiro. Parece ser intocável….
bjs
Usei os dados que você forneceu em seu post para atualizar um post que fiz no blog que edito, coloquei link para seu blog e tudo o mais!!! Espero que você não se incomode, mas caso se incomode, me avise que retiro a foto do jornal e deixo os dados!
http://emquantos.blogspot.com/2012/02/desejo.html
Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal, não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que essa frugalidade não impeça você de abusar quando o abuso se impor*.
Gostaria de saber em que obra isso foi publicado. Essa seria uma quase-prova de que o texto é realmente de Jockymann. Você poderia publicar os dados bibliográficos? Muito obrigada.
Um texto que fala de “João-de-Barro” não pode ser de Vitor Hugo. Nunca!!!
Esta poesia é de autoria de Sergio Jockymann, publicada em 1980 no Jornal Folha da Tarde, de Porto Alegre-RS.
Morre aos 80 anos o jornalista gaúcho Sérgio Jockymann
Ele estava internado em Campinas (SP) para tratar-se de uma insuficiência renal
Jockymann foi poeta, escritor, dramaturgo, jornalista e cronista
Morreu nesta quarta-feira, aos 80 anos, o poeta, escritor, dramaturgo, jornalista e cronista Sérgio Jockymann. Desde novembro, ele estava internado no Hospital da Unicamp, em Campinas (SP), para tratar-se de uma insuficiência renal.
Nascido em Palmeira das Missões em 1930, Jockymann tinha se mudado para a cidade do interior paulista para tratar seus problemas de saúde, que vinham de longa data e já haviam sido explicitados em uma coluna de seu colega no Jornal do Almoço, Paulo Sant’Ana. No texto, publicado em 13 de maio de 2009, Sant’Ana destacava seu quadro de insuficiência renal.
Além de escrever para diversos jornais como Zero Hora, Folha da Tarde e Correio do Povo, Jockymann também foi autor de telenovelas, seriados de TV e peças de teatro. Como político, foi deputado estadual e concorreu à prefeitura de Porto Alegre.
Sérgio Jockymann deixa a esposa, Simone, 70 anos, e cinco filhas, Iria (60 anos), Daphne (58 anos), Heliana (59 anos), Luelin (42 anos) e Karel (38 anos), além de netos e bisnetos.
Algumas obras
Literatura
Poemas em negro (1958)
Vila Velha — volume I (1975)
Vila Velha — volume I (1976)
Clô Dias & Noites (1982)
Sortilégio (2000)
TV
Confissões de Penélope (1969)
A gordinha (1970)
Na Idade do Lobo (1972)
O machão (1974)
O Sheik de Ipanema (1975)
Roda de Fogo (1978)
ZERO HORA
JUSTIÇA A SÉRGIO JOCKYMANN !
Neste momento está em minha casa o neto de Sérgio Jockymann, Felipe Jockymann , de 31 anos , (filho de André, falecido em 2008 aos 53 anos.) amigo de meus filhos Rodrigo e Lourenço Westphalen Leusin desde a infância na zona Sul de Porto Alegre, época em que se conheceram na Escola Mãe de Deus, onde foram colegas. Felipe pouco conviveu com o avô, que fazia anos vivia fora do RS. Mostrei a ele as obras deixadas por Sérgio para a posteridade , fazendo-o muito feliz. Incrivelmente não as conhecia. O Palmeirense, natural de Palmeira das Missões , Sérgio deixou-nos uma obra de excelente qualidade, de grande valor literário, que deve ser levada aos nossos estudantes e ser melhor divulgada para que amanhã ou depois não seja novamente uma de suas obras atribuídas a algum outro escritor. O episódio de ter sido sua “OS VOTOS” – ( Prosa) atribuído à Victor Hugo, deve ser esclarecido publicamente, evitando repita-se tal injustiça.
Minha mãe, também natural de Palmeira das Missões, ( RS) sempre tinha em sua cabeceira uma obra de
Érico Veríssimo e outra de Sérgio Jockymann. Tinha orgulho de seu conterrâneo
Como já foi citado: ” Dai a Cesar o que é de Cesar.”
Rosa Helena Barros Westphalen
Fone : XX 55 – 51- 97019876
porto Alegre- Rio Grande do Sul
Fiquei surpreso, mais feliz com a descoberta. Sempre imaginei se tratar de de Vitor Hugo.
O ministério da Cultura (Marta “suplicio”) tem a obrigação de esclarecer e corrigir esta injustiça, em rede nacional, afinal o autor é brasileiro e precisa ser feito justiça, visto que, esta farsa se não corrigida irá perdurar para sempre.
[…] sobre essa música, descobri que ela é baseada no poema Os votos de Sérgio Jockymann, erradamente atribuído a Victor Hugo. Estão disponíveis, inclusive, as […]
Bom saber que existem pessoas em desfazer mal entendidos (ou não) eu também, mesmo sendo gaúcha não sabia que essa crônica era de Sérgio
Jockmann ,obrigada pelo esclarecimento.
Eu acredito depois de alguém atribuí-lo a victor hugo e o poema sendo bonito, a informação se espalhou bem rápido na internet. Só que agora já tem versões em espanhol e inglês e vai ser bem difícil de dizer que a versão francesa do “I Whis” e “Deseo” não existe. Dificilmente alguém vai conhecer todos o poemas de victor hugo originallmente pra confirmar.:(
Eu adoro esse poema !!!
Acho que é uma liçao de vida para nos.
Eu adoro esse poema !!!
Acho que é uma liçao de vida.
[…] Os Votos […]
GOSTEI DESSE TEXTO DO SERGIO JOCKMANN QUE NAO CONHECIA..OBRIGADO E UM OTIMO 2017!